Chernobyl

Uma coisa é ter medo daquilo que você consegue enxergar e enxerga. Pode ser altura, como em Vertigo, ou o Jason, de Sexta-feira 13.

Mas Jason (ou a mãe) aparece na frente da tela e a altura do campanário no filme do Hitchcock é evidente.

Você pode temer fantasmas e eles aparecem em Poltergeist ou em inúmeros filmes similares.

Demônios. Ah, esses os diretores adoram mostrar. Causam um terror óbvio, sanguinolento e apelam para algo em você que crê ou que, em suspension of disbelief, opta por crer. É o contrato do terror (tema de outro post).

Mas imagina temer aquilo que não se vê.

Mas não só.

Imagina temer aquilo que não é possível se ver.

Aquilo cuja causa independe de você crer ou não nele ou na sua existência. Em realidade, é um terror que você sabe que existe, mas não vê. Não é possível de ser encenado. E melhor ainda quando não é.

Não é possível dar a esse terror uma fantasia, uma máscara de hockey ou garras afiadas. Eles não aparecem em um sonho que, de alguma forma, corporificam-no.

Isso é o terror da série Chernobyl. Um terror tecnológico.

Não sei de você, mas eu tenho pânico de radiação, confesso, desde a cena do personagem de John Cusack morrendo de intoxicação radioativa em Fat Man and Little Boy, filme traduzido no país por O início do fim (o que será que passa na cabeça desses tradutores?).

Pois é isso.

A série Chernobyl é esse terror. Todos andam e caminham sabendo que morrerão, alguns em segundos, outros em dias, semanas e os mais sortudos em meses. Mas sempre com muito sofrimento, pois é assim que se morre de radiação.

Ao mesmo tempo, você não vê nada. Só destroços e uma construção acabada, fumaça e, no primeiro episódio, uma bela luz azul que sobe ao alto, do reator aberto.

Mas se você sabe o que é radiação, também sabe que está lá e você não a vê.

Pode ser que seja possível fazer a mesma coisa com um filme sobre um vírus fatal, por exemplo, mas não creio que nenhum filme fez igual à série Chernobyl.

O elenco, na sua maioria de pessoas pouco conhecidas no Brasil, tem nos papeis principais Jared Harris (The Crown, The Expanse), Stellan Skarsgård (Thor, Vingadores e Millennium) e Emily Watson (Embriagado de Amor e Dragão Vermelho).

A série (como você pode imaginar) se passa em meados dos anos 80, mas a trilha sonora incidental não deixa a série ficar datada. O complemento sonoro da série eleva a tensão com uma estética atual.

Fica a dica. Assista a série. Se assuste.

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