Durante minhas andanças pelo horror na literatura, cheguei em vários nomes. Muitos desses nomes foram indicados pelo próprio H. P. Lovecraft através de seu livro O Horror Sobrenatural em Literatura. Neste livro, ele faz uma análise dos grandes nomes que ele via como influências claras que teve ou apenas nomes os quais vale a pena ter contato por terem de alguma forma trabalhado para a criação e engrandecimento do gênero. Um destes nomes é Ann Radcliffe (1764 – 1823), pioneira do romance gótico.
Os Mistérios do Castelo de Udolfo foi meu primeiro contato com o texto da autora e, minha escolha por ele dentre seus seis livros também foi por indicação de Lovecraft. O livro foi sua quarta publicação saindo em 1794, possuindo quase 400 páginas.
A história conta os infortúnios de Emília St. Aubert através de eventos sucessivos nos quais ela perde o pai, é levada pela tia megera que a tutora para outro país, sofre na mão de seu padrasto e a vida no próprio Castelo de Udolfo que é desalentadora.
Seguindo o modelo gótico da época, Udolfo é um castelo enorme onde a simples tarefa de chegar a um cômodo pode ser uma aventura terrível dado o tamanho imensurável do lugar. Durante o livro todo temos uma sensação opressora do castelo sobre os personagens, uma vez que ele mesmo acaba por se tornar um cruel personagem na história.
Menção à protagonista, que apesar de sofrer o diabo, se mantém forte como pode para ultrapassar cada obstáculo que a vida lhe impõe. Os desafios machistas da época eram enormes (não que os de hoje não sejam grandes),descritos perfeitamente no livro.
Indico muito evitar a leitura deste livro com os olhares modernos. É um livro do século XVIII que traz consigo todos os costumes e visões europeus da época, sejam eles certos ou errados. Precisamos entender que os medos e receios que Radcliffe nos apresenta estão baseadas nesta forma de pensar daquele período. Preferi seguir olhando os alicerces ali criados para o engrandecimento do gênero do horror, por meio do gótico. Concordo com Lovecraft (como se fosse um amigo íntimo hahaha) que o maior pecado da autora é a necessidade de explicar a origem de cada ocorrência sobrenatural, desmontando-as ao final do livro, mas imagino que isso possa ser uma influência racionalista da época.
Mesmo evitando colocar no texto uma visão crítica atual, não deixou de passar pela minha cabeça que seria um livro facilmente adaptável para uma novela ou série. Fui procurar e o livro já foi adaptado duas vezes pelo menos pela BBC Radio 4, uma em 1996 e outra em 2016. Minha impressão então não estava errada.
Como curiosidade vale saber que Ann Radcliffe é tia de Charles Darwin. Mundo pequeno.
O livro é uma obra a ser degustada por aqueles que querem entender o surgimento do gênero de horror. Para a grande maioria, passará como uma história interessante cheia de percalços inusitados.
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Eu nunca li nenhuma obra dela, só o “On The Supernatural Poetry” e escrevi um pouquinho sobre as diferenças entre terror e horror que ela mencionou no ensaio, se quiser dá uma olhada lá: https://www.caixadepesadelos.com/post/ann-radcliffe
Seu blog é muito bom. Vou acompanhar com certeza.
Radcliffe, pioneira do romance gótico! <3 Maravilhoso vê-la aqui!
Teremos mais góticos ainda. Estou para receber material que financiei do Sebo Clepsidra e que comentei nesse artigo: https://cantodogargula.com.br/2019/07/15/o-necromante-campanha-em-andamento-no-catarse/