Já tinha visto a chamada do filme I am Mother no catálogo da Netflix. Cheguei a comentar com o Fernando Dutra, um colega de trabalho, sobre a ideia interessante do filme e assistimos ao trailer. Chegamos a especular se o trailer mostra demais sobre a história – coisa que tem acontecido em alguns filmes e que, para mim, atrapalha demais a experiência de curtir a história. Falamos um pouco mais sobre o filme, mas ele acabou caindo no esquecimento. Veja o trailer do filme:
Passado um mês do dia que vi o trailer, estava na casa do Thiago Matos – um grande amigo – e decidimos ver esse filme porque apareceu por coincidência no catálogo da Netflix. Foi um acaso (da IA do Netflix – risos). Logo estávamos completamente vidrados.

O filme nos mostra uma menina sendo criada por um robô em uma estrutura parecida com uma base ou um bunker cheio de tecnologia e recursos para se manterem vivos. Vemos então a criança crescer e se tornar uma mulher jovem muito bem educada e com habilidades em várias áreas distintas bem como artes e balé. No filme, a menina é chamada apenas de Filha e o robô de Mãe e seguiremos com essa designação por ser realmente a única que temos para denominá-las.
A relação de Filha e Mãe é completa e em nada difere do relacionamento que conhecemos entre uma mãe e sua filha. Carinho e cuidados assim como conversas e tarefas caseiras são divididas entre ambas, mas sempre de forma a permitir o aprimoramento da Filha e lembrando ao espectador sempre que elas estão ali com a missão de repovoamento humano uma vez que a espécie estava extinta após um evento catastrófico não bem explicado.

A vida seguia muito bem até o surgimento de uma mulher mais velha na porta da base trazendo vários questionamentos e problemas à pacata vida de Filha e Mãe. Neste ponto é impossível não criar um paralelo com o mito da caverna de Platão – é importante perceber que o filme trabalhará questões filosóficas interessantes. O mundo da Filha se amplia quando o mundo externo se mostra habitável mesmo que perigoso.
Deste ponto em diante, o enredo nos coloca entre meias verdades, mentiras e omissões, sempre nos deixando como referência a visão inocente e limitada da Filha.

As cenas que se seguem te jogam num enredo bem estruturado de suspense com muitas pitadas de terror psicológico nos deixando sem saber qual o desenrolar exato da cena seguinte. Quem está falando a verdade? O que realmente aconteceu? Quem mais ainda vive? Quais os planos da Mãe?
Seguimos recebendo pequenas doses de informação da mesma forma que a Filha e vamos criando um panorama de toda a trama através da sua perspectiva.
Inteligências Artificiais (sigla IA) sempre nos farão refletir sobre nossa existência como espécie e este filme trata isso de uma maneira muito interessante mesmo. A tecnologia que nós criamos pode nos superar como espécie e ir além do ponto em que chegamos? A tecnologia consegue sentir como um humano? Seriam esses sentimentos autênticos, válidos nas relações se isso for possível?
Ao final, estávamos ambos atônitos. Ficamos ligando todos os pontos e percebermos que em momento algum fomos realmente enganados. As verdades sempre estiveram ali, na cara do espectador, só não estavam caracterizadas como respostas.
O único conselho válido para vocês: fiquem atentos aos detalhes, pois eles serão fontes de questionamentos e respostas. Thiago e eu, em alguns momentos, estávamos elucubrando e refletindo sobre possíveis desfechos e isso mostra o quanto o filme envolve o espectador.

O filme não é propriamente de terror, mas o utiliza em vários momentos, trabalhando o psicológico e nos colocando o tempo todos nos olhos da Filha.
É uma ficção científica muito bem trabalhada que garante o divertimento. Vale ver sim e perceber como o terror psicológico pode ser uma ferramenta muito eficiente para gerar ambientação.
Créditos:
Diretor: Grant Sputore
Roteiristas: Michael Lloyd Green e Grant Sputore
Elenco: Luke Hawker, Rose Byrne e Maddie Lenton
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Realmente o filme é uma grata surpresa!
Foi muito legal mesmo. Que venham outros assim!
Já vou verrr!!
Vai curtir camarada! Bem tenso. Duvido que não te dê ideias para seus contos.
Chamo a atenção para Moon/Lunar, com Sam Rockwell, que tbm vem com a ideia do personagem solitário com um único robô por companhia, que tem um segredo sombrio na jogada.
Isso não desmerece I, Mother, que vi e tbm gostei bastante. Recomendo ambos.
Vou ver sim. Valeu!