Indicações sempre são bem vindas
A Balada do Black Tom, de Victor Lavalle foi uma indicação da escritora Stephanie Borges, durante um encontro do Clube Literário da amiga Frini Georgakopoulos. Ela comentou sobre esse livro, por conta da importância de sua visão crítica sobre o racismo dentro da obra de H.P. Lovecraft.
Para os mais desavisados, Lovecraft era um ser humano com inúmeros defeitos. Dentre eles, o racismo. Sim, respire, principalmente se ele é seu ídolo. Ele era muito racista. A discussão pode tomar muitos rumos mas nenhum deles deve diminuir essa questão.
Um de seus contos, O Horror em Red Hook, sem dúvida alguma é um dos mais racistas e xenófobos contos do escritor de Providence. Nele Lovecraft faz questão de deixar límpido sua opinião preconceituosa, jogando o horror no colo dos estrangeiros e negros. Leia o conto e tire suas conclusões – todos temos a liberdade e o direito de ler e comentar sobre sua obra.
Uma luta interna
Victor Lavalle também teve o mesmo direito e, como muitos dos fãs de Lovecraft, conseguiu ver além da aura mística do escritor para ver o homem. Esse exercício pode ser bem terrível, principalmente quando percebemos que o ídolo se humaniza. Com isso suas facetas ruins ficam expostas.
Mas não devemos mais ler Lovecraft? Não, nunca devemos deixar de ler e entender o homem que criou tanto. Mas não devemos deixar de ter por ele o olhar crítico necessário para aprender com seus erros. É um desafio, sim, é mesmo. Entender a grandiosidade de sua obra e ao mesmo tempo perceber a pequenez do seu criador.
Pois Victor Lavalle, um escritor negro, se viu nessa encruzilhada. Seu amor pelo ídolo se viu maculado pelos defeitos do homem Lovecraft. Essa luta acabou exatamente no livro A Balada do Black Tom, publicado pela Editora Morro Branco e traduzido por Petê Rissati.
Começa então a balada
Lavalle se baseia exatamente no conto mais racista de Lovecraft para escrever sua resposta ao escritor. A Balada do Black Tom é uma resposta ao ídolo e ao homem. Ela mostra o outro lado da moeda. Sua tônica traz uma visão mais ampla de O Horror em Red Hook.
Essa edição nos traz ao final o conto de Lovecraft, impresso de maneira sagaz em páginas pretas. Eu comecei por essas páginas, mesmo estando ao final. Sabia o que encontraria mas queria me lembrar porque as tinha lido há muito tempo e sem a maturidade que tenho hoje. Ao terminar o conto, voltei ao início do livro e li a história de Lavalle. Tudo durou pouco mais de três horas. Foi uma experiência incrível e muito forte.
Entendo agora o que o escritor queria mostrar em sua homenagem crítica à Lovecraft. Por isso, só posso indicar que você leia esse livro e venha deixar seu comentário para batermos um papo.
Lavalle fez a sua parte. Nós precisamos fazer a nossa, refletindo.
Boa leitura!
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Gostei muito dessa história, aliás, ela inspirou um RPG chamado Harlem Unbound (ainda não joguei).
Bom saber disso. Excelente dica.
Terminei! Leitura fluida, gostosa, amei! Recomendo!
Acho incrível a possibilidade da comparação por trazer ambos os textos juntos no mesmo livro. Isso foi fundamental!