O quadrinho independente cresce sem parar
Além do título Procissão, o desenho me lembrou imediatamente um cangaço sobrenatural que temos visto tanto por aí. O cangaceiro na capa me chamou atenção enquanto dava uma volta pela Feira Pop & Arts 2020. Foi assim que encontrei Vinicius Velo vendendo sua criação no evento.
A publicação foi feita pelo ProacSP.
Cangaço e misticismo
Assim que perguntei a Vinicius Velo sobre a tônica de sua obra, ele começou assim: “Isso é uma história de cangaço e misticismo.”. Vocês não tem dúvida do quanto ele me ganhou ali. (risos)
Difícil separar essas duas palavras, ao menos para mim. O cangaço e o misticismo estão unidos pelas entranhas, coisa de eras tão antigas que se perdem em nosso imaginário. Suas lendas e crendices são tão reais que ganham vida e o tema me atrai muito.
O cangaço é único no mundo – foi o que me disse o autor. Particularmente, concordo com ele. Diferente de tudo o que possa imaginar, ele tem inúmeras possibilidades. Uma das minhas favoritas é a faceta fantástica. Esse cenário é perfeito para levantarmos a cortina da realidade para adentrarmos em um sobrenatural terrível.
Procissão é a parte que te cabe
Passada em 1928, Procissão é uma história dura, sofrida e muito arraigada na vida cangaceira. Uma velha rixa entre famílias inunda o solo rachado de sol do presente. De tanto sangue, a terra se encharca e dali só nasce vingança.
Não bastasse a brutalidade da caatinga e da vida sofrida do nordestino, temos ali elementos sobrenaturais dando ao enredo a pitada exata de horror. Poucos cenários harmonizam tão bem ao sobrenatural tétrico quanto o cangaço.
Não existe ali nada além de sangue, suor e lágrimas. O sofrimento está no ar e velhas questões vão para além da vida. A morte deixa de ser a certeza de paz, deixando para a eternidade um caminho de danação.
A arte imita a realidade
Os desenhos de Velo são muito similares ao chão rachado do cangaço. Seu traço firme e expressivo nos permite entender que naqueles personagens residem muito mais do que apenas o enredo. Cada ruga e cicatriz pesam como histórias não contadas, deixando ao leitor um convite à imaginação. Sem dúvida, os desenhos faciais do autor são incríveis, capazes de contar uma história de arrepiar sem utilizar palavras.
Seu enquadramento segue um modelo clássico que se presta muito à história. Um deleite para quem curte quadrinhos, sem dúvida alguma.
Conclusões finais
Vinicius Velo era um autor e artista que desconhecido para mim. Graças a eventos de quadrinhos como o Feira Pop & Arts 2020 conseguimos encontrar pessoas como ele e com isso poder ler peças fantásticas..
Procissão não pode parar ali. Precisa trazer mais de sua dura realidade junto aoseu incrível sobrenatural para contar mais e mais histórias.
O cangaço tem muito ainda a mostrar. Cabe a talentos como Vinicius Velo nos trazer alguma luz sobre aquela mística única, de chão rachado, sol à pino, vida e morte.
Que não demore muito a reaparecer!
Boa leitura!
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