Alguns livros mexem muito com você
Quando comecei a ler Caim: um mistério, de Lord Byron, não imaginei que ele mexeria tanto comigo. Incrível encontrar um livro escrito em 1821 capaz de te fazer refletir tanto.
Publicado pela Editora Sebo Clepsidra, a tradução é de Antônio Franco da Costa Meirelles e as notas são de Cid Vale Ferreira. As ilustrações internas são de Kenny Meadows, Birket Foster, Hablet K. Browne, Sotain, Gustave Doré, Gustave Janet e Edward Morin. Todas maravilhosas e belíssimas.
A pintura da capa é de Willian-Adolphe Bouguereau.
Uma conversa apenas
Caim: um mistério é um poema de Byron onde você se depara com os primeiros humanos bíblicos, Adão e sua descendência, vivendo fora do Paraíso.
Caim é a própria crítica. Ele possui uma alma curiosa e contestadora. Em seu âmago reside o descontentamento com qualquer aceitação sem reflexão. Suas dúvidas o assolam e seu comportamento destoa do seu grupo. Inicialmente, vemos apenas uma impaciência e pequenas críticas. No entanto, isso está prestes a mudar.
Lúcifer vem ao encontro de Caim e resolve mostrar a verdade que a ciência, na figura do fruto da árvore que Eva comeu, é vasta. Um conhecimento tão amplo que o atormentado filho de Adão tem dificuldade para entender.
O anjo caído, ou apenas espírito, como acaba sendo chamado em grande parte dos versos, apresenta a cruel realidade garantida pela ciência para os descendentes de Eva. Essa verdade é apresentada através da insignificância humana, contrapondo-se ao estranhos desígnios passados pelo Criador.
Os dois, contestadores natos, partem nessa jornada por searas além da realidade mundana. Como Virgílio que conduz Dante, Lúcifer é o condutor de Caim, mas seu papel aqui vai muito além: ele fomenta o pensamento crítico, confrontando seu convidado com a realidade nua e crua.
Caim percebe a verdade do que vê, do que ouve e das reflexões que faz. Seu espírito não se acalma. A fornalha de sua alma revoltada é incendiada pelo combustível de suas recentes descobertas. Cabe aqui a resposta de Lúcifer à uma pergunta de Caim: “Não era a ciência que procurava?”
Essa frase resume o enorme poder desse livro. A tão romantizada ciência é tão cruel e ignorante quanto a humanidade. Lúcifer usa muito a estratégia de responder, indagando no fomento do pensamento que pretende para com Caim.
O conceito mostrado por Lúcifer à Caim é similar em vários pontos ao que anos depois Ernst Haeckel desenvolve, influenciando, dentre muitos, H. P. Lovecraft. A humanidade é insignificante no panorama universal. Pouco importa qualquer pós vida se ainda assim és um pequeno grão de poeira cósmica. Mas Lúcifer deixa claro que tudo foi criado dessa forma por Deus, ficando apenas essa ideia completamente alheia dos que adoram o Criador.
Um conhecimento assim perverte qualquer alma mais aberta à reflexão. Imagino como os conservadores e religiosos não receberam esse livro. Caim é o exemplo dessa perversão e a ciência o símbolo do conhecimento realmente proibido. A reflexão leva a crítica e assim Lúcifer alcança seu propósito.
Uma tradução antiga somada ao trabalho criterioso
O trabalho de resgate da tradução de Antônio Franco da Costa, que a Editora Sebo Clepsidra fez mostra o quão importante é essa obra. Essa tradução data de 1870, mas só publicada postumamente em 1889.
A escolha pela prosa como forma, ao invés do poema, foi muito pertinente. O texto ficou claro e acessível ao público, mantendo não só o poder de suas palavras como a essência de sua criação. São cuidados assim que colocam o trabalho editorial da Editora Sebo Clepsidra como um dos melhores que temos no mercado. Ela resgata essa tradução antiga mas completamente atual.
A cada livro da Clepsidra percebo como seu trabalho já começou excelente e só melhora. Volume lindo com capa dura e uma finalização muito bem feita. Um produto que dá orgulho ter na estante!
Conclusões finais
A leitura de Caim: um mistério não é simples. Ela te prende pelo objeto de crítica. Ela te seduz pelos personagens. Um exercício que pede uma releitura.
Lord Byron te leva aos confins dos tempos para te revelar a verdade crua e nua. Ele apresenta não um simples poema, mas uma ode à reflexão.
Venha conhecer suas palavras e quem sabe, elas lhe tentarão a pensar!
Boa leitura!
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Amo Lord Byron!!! Um nome importantíssimo, principalmente na 2a fase do Romantismo Inglês.
Então você precisa ler isso! Caim é um daqueles textos que você termina e fica ali pensando durante bastante tempo.