Crônicas de R’lyeh: Nas Profundezas da Loucura

Uma proposta ousada

Quando vi o projeto do quadrinho Crônicas de R’lyeh: Nas Profundezas da Loucura, eu sabia que seria uma campanha de financiamento coletivo no Catarse de absoluto sucesso exatamente pelo material prometido. Na época, falamos dela aqui no blog.

Com argumento de Douglas Freitas e as estonteantes artes de Amaury Filho, esse quadrinho ainda traz ilustrações de vários artistas. A Skript Editora é a responsável por essa publicação e está de parabéns pela qualidade do material.

O que aconteceria se?

Lembrando de uma velha linha de histórias da Marvel que traziam o mote What’s if…, essa história segue a mesma linha. A dúvida aqui é o que aconteceria se o Cthulhu acordasse?

Somos catapultados nesse mundo hipotético no qual finalmente (ou infelizmente) Cthulhu levantou-se de seu sono eterno em R’lyeh e agora comanda a realidade. Vemos a derrocada da humanidade, enquanto uma nova ordem (acho que desordem encaixa melhor nessa descrição) se estabelece. A loucura é essa nova realidade.

Quem ainda se mantém são passa a vagar pelo mundo buscando sobreviver da melhor forma possível. O cenário não poderia ser mais caótico e apocalíptico. Com o fim da sociedade tal qual conhecemos, grupos fanáticos ensandecidos surgem, ganhando protagonismo em meio aos cacos humanos que sobraram.

O prefácio de João Francisco Souza ambienta o leitor, preparando de alguma forma pelo que vem por aí. Ao final, temos um glossário para os leitores menos acostumados com os jargões do Mito do Cthulhu. Uma boa sacada colocar esse auxílio, sempre. 

Uma arte de enlouquecer 

A arte de Amaury Filho é o casamento perfeito ao roteiro de Douglas Freitas. Seus traços e ângulos de cena são muito bons, mas nas cores que utiliza que seus enquadramentos  ganham outra perspectiva. Ele comanda a criação de uma atmosfera doente e caótica, capaz de envolver o leitor.

Amaury possui uma assinatura visual onde as cores são predominantes. Ele subverte a utilização delas de tal forma que fica impossível não parar e querem perceber cada minúsculo detalhe. Uma arte que além de linda se torna por demais instigante, exatamente por não se permitir estar na esfera do comum.

Para fechar com chave de ouro (ou prata, quem sabe, lembrando do conto de Lovecraft) temos ilustrações maravilhosas de Yuri Perkowski Domingos, Renata Aguiar, Silvio Dias, Thiago Krening e Caio Oliveira.

Conclusões finais

Um quadrinho que ousa em tudo, do roteiro à arte excepcional. Exatamente por isso garante seu lugar entre obras que devemos ler. Seu inesperado final é outra pérola dentro deste volume, deixando o leitor se perguntando o que vem a seguir. Muito bom mesmo!

Não perca a oportunidade de comprar e ler, pois te fará imaginar o que aconteceria se um Antigo levantasse, se é que isso possa realmente ser imaginado! 

Boa leitura!

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