Uma homenagem à King
Nessa segunda-feira, trago a 13ª análise de obra no Canto do King: Antologia Dark. Para desespero de King com sua triscaidecafobia (fobia do número 13), apresento-lhes o ousado projeto que a Darkside Books publicou em homenagem ao mestre do terror. A Antologia Dark traz 14 contos de autores e autoras nacionais inspirados nas obras do “homem do Maine”.
O prefácio foi assinado pelo organizador, César Bravo. Não pude deixar de me emocionar ao ler as palavras de Bravo no “Rastro do homem do Maine”, pois, os leitores de terror e fãs de King sabem da luta que ele travou consigo mesmo para continuar escrevendo.
Além disso, os escritores da nova geração do terror devem muito ao caminho pavimentado por Stephen King no gênero. Quem não se sentir tocado com a leitura dessa antologia, com certeza não têm a dimensão da importância de King. Ou ainda não conhece a sua trajetória e legado.
Além de uma diagramação muito bonita, essa edição conta com ilustrações belíssimas de Hokama Souza, que me lembram os traços do ilustrador francês do século XIX, Gustave Doré, em alguns momentos. A qualidade gráfica tem a excelência “Darkside” que tornou suas publicações uma das mais bonitas, visualmente, no mercado nacional.
Ode ao mestre
Essa antologia é uma ode ao mestre do terror e uma oportunidade para conhecer autores nacionais. O time de 13 escritores e escritoras é de peso, muitos deles eu já conhecia e outros se tornaram uma grata surpresa no decorrer da leitura.
Não será uma análise de obra como as outras. Por se tratar de uma antologia com 14 contos, pretendo aprofundar naqueles que mais me tocaram, sem entregar spoilers.
Quem sabe eu desperte em você o interesse e paixão necessários para mergulhar nesses universos kingnianos alternativos e abrasileirados?
Os contos
Para iniciar essa breve análise de cada conto, deixo claro que não houve nenhuma história que me desagradasse. Embora tenha elegido dentre os 14 contos aqueles que mais me impactaram, não significa que os outros não tenham cumprido sua função. Todas as histórias dessa antologia me conquistaram de alguma forma.
Creed: o que aconteceu depois do Cemitério Maldito?
O conto que abre a Antologia é de autoria da talentosa Cláudia Lemes. Em Creed, a autora traz toda sua habilidade em criar uma atmosfera de suspense numa abordagem derivada da obra O cemitério (leia nossa resenha desse livro aqui).
Nós vamos descobrir o que aconteceu com Asher, o motorista do caminhão Orinco que atropelou o pequeno Cage Creed. Além do mais, Cláudia resgata a única sobrevivente da família Creed, Eillen.
Tudo acontece num ritmo frenético. Asher é consumido pela culpa, cuida da avó catatônica e frequenta uma nova terapeuta. De repente, sua avó começa a ganhar vida, como os mortos enterrados no Cemitério de animais e ele vivencia uma experiência aterradora.
Com um clímax digno de Cláudia Lemes, Creed é um belo pontapé inicial para te fazer agarrar o livro e continuar devorando as próximas histórias. É a prova de que essa homenagem será atordoante assim como as obras de Stephen King.
Granizo Fino: a história por trás de um cadáver
Outro conto que se tornou o meu favorito é de autoria de César Bravo. Em Granizo Fino conhecemos a história de como um cadáver se tornou um cadáver. Isso mesmo. Bravo nos conta como foram as horas finais do garoto apelidado de Lagosta depois de fugir de casa, para longe do comportamento abusivo do pai.
Um dos contos mais violentos e sombrios da antologia, descobrimos a suposta história por trás do cadáver encontrado na obra Outono da inocência – O corpo. Você não consegue desviar os olhos das cenas que se desenrolam e prende o fôlego até o final que não traz nenhuma redenção.
Em toda antologia, temos nossos “queridinhos” e com certeza Granizo Fino está no topo dos meus favoritos.
A porta não encontrada: passagem só de ida para a Torre Negra
Nesse conto, Everaldo Rodrigues embarca no universo da saga Torre Negra e coloca seu protagonista diante ao absurdo de uma realidade paralela.
Entrou para os meus favoritos por ter me impacto do início ao fim. Tensão na medida certa, sensações absurdas que nos fazem questionar a sanidade de Edwin, bem como, a nossa. As descrições detalhadas nos conduzem a sensações atordoantes. Everaldo soube como nos guiar através da mente paranoica e fragilizada do protagonista.
Aqueles que conhecem a trajetória do pistoleiro em A Torre Negra vão entender o porquê Edwin não deveria ter cruzado a porta. E aqueles que ainda não conhecem essa obra do King, esse conto é uma ótima porta de entrada, com a licença do trocadilho.
O Amanhã de Ontem: o tempo é relativo
Outro conto que me arrebatou foi O amanhã de ontem escrito por Ilana Casoy. A autora explorou a temática de viagem no tempo que conduziu os atos de Jake Epping no livro Novembro de 63.
Ilana aborda com bastante autenticidade esse universo e nos desconcerta com a experiência onírica do narrador. É um conto bem trilhado e garante o efeito de atordoamento em poucas páginas.
Ler O amanhã de ontem foi uma grata surpresa, pois é uma história que envolve viagem no tempo que ao meu ver é um dos temas mais perigosos parar fazer o autor se perder, mas Casoy domina bem a sua narrativa.
Além do mais, Novembro de 63 é uma das histórias mais complexas criadas por King e ter um conto inspirado nessa obra foi um deleite.
O visitante: o lado negro da sua identidade
Inspirado em A Metade Sombria, o autor Fernando Toste nos entrega uma história azucrinante baseada no ofício do escritor e sua luta com o próprio alter ego criativo.
Quem escreve com certeza vai se identificar com o protagonista em algum momento. Tadeu perde sua sanidade aos poucos para dar vida ao que seria sua maior história.
A posição do conto após O amanhã de ontem foi bem colocada. Pois, se o conto anterior de Ilana Casoy desnorteia nossas ideias, O visitante termina de nos enlouquecer!
Miséria: você também será fã nº 1 de Stephen King
O último conto é outro favorito. Inspirado em Misery (vem ler nossa resenha aqui), Andrea Killmore nos entrega de bandeja a personagem Joyce que, pasmem, não gosta de Stephen King.
Mas Joyce logo mudará de ideia quando conhecer afundo as histórias e personagens do escritor. A atmosfera de horror comedy criada por Killmore me arrebatou. Foi uma maravilha acompanhar o declínio de Joyce e acredito que os fãs de King também ficarão gratos por sua desgraça.
A antologia encerra com chave de ouro. É válido lembrar que é o segundo conto de Ilana Casoy junto com Raphael Montes (pseudônimo Andrea Killmore) no livro.
Precisamos ler Stephen King?
Vale lembrar que não citei todos os contos presentes na antologia. Todas as histórias foram inspiradas ou derivadas de obras do King. A questão é: precisamos ter lido Stephen King para ler a Antologia Dark?
Não necessariamente. É claro que os leitores de King vão ter um tipo diferente de experiência com os contos da antologia. Muitos deles são derivados de personagens de obras do autor e é importante conhecê-la para entender a profundidade do conto.
Na história de Carém Sinistra, escrita por Marco de Castro, por exemplo, a inspiração foi em Carrie, a estranha (vem ler a resenha desse livro aqui). É interessante conhecer a obra de King para compreender a inspiração de Castro e a profundidade da sua protagonista, mas se o leitor não conhece Carrie, a estranha não prejudicará o andamento do conto.
O que quero dizer é que, para aqueles que não conhecem a obra de King, essa antologia trará contos inquietantes com boas doses de incômodo típicas da literatura de terror. E com certeza, fará com que procurem as obras do autor nas quais os autores nacionais se inspiraram.
Recomendo que os interessados leiam Stephen King depois de ler esses contos. E em seguida, releia a antologia e sinta os diferentes efeitos que causam após desvendarem as obras kingnianas.
Os fãs de King agradecem
Infelizmente, não pude falar detalhadamente de cada conto. Como fã de Stephen King essa obra foi um presente para mim. Os leitores de terror ganharam muito com essa iniciativa do organizador César Bravo e com o trabalho caprichado da Darkside Books que além de homenagear Stephen King, estimulou seus leitores brasileiros a conhecerem mais dos nomes atuais da literatura nacional.
Eu me sinto representada enquanto leitora e escritora de terror com esse trabalho. Os fãs de Stephen King agradecem. Tenho certeza que o próprio autor também agradeceria do seu jeito encabulado por reconhecerem e eternizarem o seu legado.
Até a próxima segunda-feira, pessoal. E sigam essa dica: conheçam Stephen King e a Antologia Dark!
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Putz,opinião é opinião claro,mas essa antologia é péssima salvo uns 3 contos o resto dos autores escreve mal pra caramba,parece que foi escrito tudo nas coxas com pressa e sem criatividade nenhuma,qualidade gráfico/editorial nenhuma salva a bomba que é o conteúdo desse livro…
Rodrigo, realmente nem toda antologia vai funcionar igual para todo mundo. Dos 3 contos que você gostou, algum deles bate com a lista dos contos que a Larissa gostou? Abraços e obrigado pelo comentário.