O povo branco – O selo negro, de Arthur Machen

Ler Machen é fundamental 

Recebi e obviamente devorei a leitura de O povo branco – O selo negro, de Arthur Machen, publicação da Pyro Books. Ler Arthur Machen é muito importante visto não só a qualidade de seu trabalho, como também a influência silenciosa que ele exerce sobre inúmeros autores posteriores a ele. 

O povo branco O selo negro - Arthur Machen - Editora Pyro - Canto do Gárgula
O povo branco – O selo negro – Arthur Machen

Com tradução perfeita e notas do incansável Thassio Rodriguez Capranera, é um livro que me surpreendentemente arrebata o leitor. Primeiramente pela introdução de Alcebíades Diniz Miguel, assim como o posfácio de Nathalia Sorgon Scotuzzi. Dois nomes de peso que inegavelmente agregam ainda mais importância ao livro. Mas não para por aí. 

Antes dos contos, a edição 

Assim que recebi o livro, ainda que estivesse muito ansioso pelo conteúdo, não esperava me deparar com tamanho cuidado editorial. O projeto editorial e gráfico deste livro é sobretudo estupendo. Além da capa dura e do papel pólen soft, que garantem qualidade a estrutura, temos um livro que dá prazer no simples manuseio. 

Mas dentre os vários detalhes, um deles consegue analogamente expor o olhar apurado do editor Filipe Larêdo. Ao chamar o artista Walter Pax, ele conseguiu dessa maneira unir a arte ao conteúdo. Os desenhos de Pax, verdadeiras obras primas de beleza e leveza, afloram a essência do texto de Arthur Machen, trazendo assim suas sombras. 

Walter Pax - Artista
Walter Pax – Artista

Portanto, minha reação imediata foi perceber o quanto este projeto é especial. Eu me arrisco a dizer que este livro está impresso com tanto zelo e apreço, que o leitor percebe seja folheando, seja admirando suas imagens. Posso até mesmo brincar que Arthur Machen provavelmente está muito feliz com este resultado final, esteja onde estiver. Parabéns realmente pelo trabalho de toda a equipe. 

As sombras de Machen

Se existe um autor que consegue falar pelas sombras sem dúvida alguma é Arthur Machen. Sua visão mística, trabalhada nas histórias de horror que criou, são genuínas pérolas do gênero. 

Arthur Machen - Escritor - Canto do Gárgula
Arthur Machen – Escritor

O livro traz três contos dele, sendo eles O povo branco, O selo negro e ao final A dama de ferro. Este último todavia eu não conhecia e foi uma grata surpresa. Vou falar abaixo em poucas linhas sobre cada um deles. 

O povo branco

Para os leitores mais indecisos este conto maravilhoso trará lembranças, por mais distantes que possam ser, do filme O Labirinto do Fauno, do diretor mexicano Guillermo Del Toro

Ele começa com uma conversa bastante filosófica entre dois amigos, Ambrose e Cotgrave. Eles estão debatendo sobre o pecado e a santidade e, lá pelas tantas, Ambrose empresta um estranho e velho Livro Verde, que traz um relato um tanto quanto estranho das lembranças de uma mulher. 

De repente saímos de uma sala e estamos em uma floresta. Memórias esquecidas vão sendo trazidas à tona enquanto a mulher percebe que o mundo que conhecemos vai muito além do que imaginamos. Quando consegue maturidade, entende que atravessou um véu entre realidades e agora conhece verdades antes obscuras. 

Uma novela fantástica que você precisa conhecer.

O selo negro

Uma das novelas que sem dúvida alguma mais gosto de Machen. Aqui temos o horror do desconhecido sendo descortinado aos poucos pelo estudioso que um dia foi ridicularizado por suas ideias aparentemente infantis ou malucas. 

A história se passa curiosamente em Caerleon, sua cidade natal e local onde se encontram ruínas muito velhas, tanto romanas, como também da idade do bronze. 

O relato é realmente incrível, todo narrado pela Senhorita Lally, governanta e secretária do Professor Gregg. O envolvimento dela tentando entender e correlacionar os fatos que o pesquisador vai descortinando secretamente deixam o leitor em um suspense incrível. O horror vem como uma sombra que vai se aproximando página a página. 

Leitura mais do que obrigatória. 

A dama de ferro

Não conhecia este conto de horror. Aparelhos de tortura sempre causam uma fascinação funesta e aqui eles ganham por isso um protagonismo bizarro. Bem interessante. 

Paratextos

Atualmente os paratextos têm chamado muito a minha atenção. Os nomes convidados para os dois textos deste livro são de feras da academia: Alcebiades Diniz Miguel e Nathalia Sorgon Scotuzzi

Enquanto Alcebíades nos apresenta Machen através de uma pequena biografia do autor, muito interessante por sinal, Nathalia faz um comparativo entre ele e H.P. Lovecraft

Ambos textos importantes e essenciais para nossa formação. Os dois pesquisadores lançam luzes sobre detalhes de onde nos mostram matizes únicos.

Considerações finais 

Em resumo, terminei este livro completamente maravilhado. Poder ler uma obra que faz uma apresentação tão boa quanto esta é uma oportunidade única. 

A Pyro Books vai deixando seu legado e mostrando a que veio. Meus votos são de extremo sucesso e que mais obras incríveis sejam lançadas. Garanto que elas terão espaço reservado aqui no blog. 

Já comprou a sua cópia? Boa leitura!

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10 comentários em “O povo branco – O selo negro, de Arthur Machen

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  1. No prólogo a “Os Três Impostores”, que ele define como a obra-prima do galês Arthur Machen (1863-1947), Borges escreve que “toda ficção é uma impostura; o que importa é sentir que ela foi sonhada com sinceridade”. Só não entendo porque não a publicaram com o nome original de “Os Três Impostores”. Eu tenho Los tres impostores em espanhol e começa assim:
    PRÓLOGO
    — ¿Y Mr. Joseph Walters se quedará toda la noche? — preguntó el hombre pulcro y bien afeitado a su acompañante, un individuo de aspecto no muy cuidado, cuyos bigotes color jengibre iban a confundirse con un par de patillas que le llegaban al mentón.

    É assim que começa a obra que você tem em português?

  2. Eu só encontrei em espanhol. Borges se refere a esta obra, Los Tres Impostores, como uma das obras-primas secretas da literatura. Daí a curiosidade que tenho por ela e a estranheza por não a terem ainda traduzido para o português. Você a encontra neste site em espanhol, com outras obras de Machen, que foram traduzidas para o espanhol: https://epublibre.org/autor/index/1233

  3. Eu li a respeito de Machen no fantástico livro “Le Matin des Magiciens”, de Louis Pauwels e Jacques Bergier. Me impressionou muito.

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