Se eu já vi a série de TV Mindhunter, vale a pena ler o livro? É uma interrogação comum no universo de produções audiovisuais baseados em livros. Mindhunter não foge a essa pergunta. Eu me aventurei a assistir as duas temporadas, inclusive, mais de uma vez. Em seguida, com parceria da Darkside Books, li o livro Mindhunter Profile: Serial Killers e vim responder a famigerada pergunta. Escrito por Robert K. Ressler e Tom Schachtman, a tradução foi feita por Alexandre Boide.

Antes de começarmos, acredito ser importante situar alguns pontos sobre mim. Afinal, toda leitura e interpretação parte de um ponto – um lugar chamado sujeito. Sou psicóloga, especialista em saúde mental e psicanálise. Além de flertar ativamente há mais de uma década com a interseção psicologia/justiça. Pronto, agora posso responder a pergunta do título!
A produção do Netflix
Basta ler a sinopse ou ver seus primeiros minutos, para entender a extrema sensibilidade do conteúdo retratado. Na produção da Netflix, vamos acompanhar Holden Ford (Jonathan Gross) e Bill Tench (Hold McCallany). Dois agentes do FBI e sua trajetória ambiciosa de pesquisar crimes violentos, em especial, os de serial killers. Eles tem a finalidade não só de compreender, criar protocolos e ferramentas de prevenção, como também de investigar assassinatos violentos. No entanto, sua pesquisa de enorme importância e controvérsia se transforma em algo ainda maior: Analysis of Violent Crime (NCAVC) – Uma unidade dentro do FBI, dedicada à analise, à pesquisa e ao estudo de crimes com componentes psicológicos. Apesar da produção se basear em pessoas e fatos reais, os agentes ganham uma “história de fundo” romantizada, a fim de manter uma linha narrativa e despertar empatia nos telespectadores.

Conteúdo extra do livro
Ainda que as entrevistas com os assassinos e as situações inusitada, por certo perigosas, do livro acabem similares à versão filmada, na narrativa escrita transparece uma realidade bem mais crua. O relato dos autores é direto e sem floreios, criando um impacto certamente marcante no leitor. Igualmente é notável o quanto há de ciência, pesquisa e experiência nos profiles realizados pela unidade do FBI. Os autores se detêm em explicações do como e porquê chegam a um perfil, explicando assim a lógica e como sua dedicação ao estudo desta parcela criminal os dá fundamento para traçar tais perfis.

Através da leitura do livro, percebemos a construção de frases célebres em filmes policiais como: “Homem caucasiano, entre 20 e 30 anos, com grau de instrução baixo e etc”. Não tem absolutamente nada de invenção, cada elemento e conclusão vem do fruto de um trabalho investigativo minucioso. Também fica claro no texto os critérios e informações usados para determinar cada característica traçada pelos agentes.
Para além disso, o livro traz entrevistas extras e não retratadas no seriado, de assassinos em série famosos, como Ted Bundy e Gacy (o palhaço assassino). Outro fator que vale menção sobre o assunto, por mais pesado e cruel que seja, ainda assim existem respiros na escrita. Entre as entrevistas e investigações de crimes horripilantes, o texto é salpicado por fragmentos da vida pessoal e até pequenas anedotas, bem como a relação dos agentes, policias e suas famílias. Inclusive há múltiplas reflexões sobre o trabalho e como ele afeta os integrantes da unidade, formando laços verdadeiros entre parceiros e colaboradores interdisciplinares.

Chegando a resposta
Antes de por fim responder a indagação que dá titulo a este artigo, gostaria de fazer um último apontamento. Ed Kemper é um personagem de grande destaque, tanto na serie, quanto no livro. Posto que ele foi um dos entrevistados que mais falou em tempo e frequência. Dono de grande eloquência e autopercepção sobre seus próprios processos psicológicos, Kemper pode fornecer boa parte do material sobre a psique de um assassino em série. Na versão da Netflix o ator Cameron Britton interpreta o assassino, que além da similaridade física e da caracterização impecável, dá um show à parte em sua atuação. Aconselho que vocês busquem os inúmeros documentários e entrevistas de Kemper para ter a exata noção de como o ator capturou as mínimas nuances do gestual, do tom e da entonação da fala de Kemper.

Por fim, sem mais mistérios, responderei a questão imposta mais cedo. Vale muito a pena a leitura do livro Mindhunter Profile: Serial Killers, mesmo que você já tenha visto a série. Recomendo ainda mais a leitura, caso ainda não tenha visto. Se assassinos em série, crimes violentos ou ainda como funciona investigações reais (norte americanas) te interessam, você encontrará um agrado e tanto nestas páginas. Vale apontar que a linguagem extremamente fluida dos autores e a explicação de termos técnicos ocorre tão naturalmente que você apreende inúmeras nomenclaturas e conceitos sem cansar.
Por fim, vale lembrar que ao contrário de Kemper, que segue vivo e cumprindo oitos sentenças perpétuas consecutivas na Califórnia Medical Facility em Vacaville, o seriado não tem previsão de continuar. Desta forma, o livro pode funcionar para os fãs da série, como uma despedida e uma elaboração do conteúdo apresentado pela Netflix.
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A série é sensacional mas o livro deve ser muito melhor!
Eu fiquei bem curioso com o livro. A série é um barato.