A Máscara de Prata e seus ensinamentos
O segundo volume da série Insólita Museu e Antiquário se inspira no conto A Máscara de Prata, de Hugh Walpole. Um conto que inegavelmente desafiou os autores no processo de inspiração e criação.
Publicação da Luva Editora, os contos são traduzidos por Nathália Rondán. Organizado por Julia do Passo Ramalho e Úrsula Antunes, este o segundo volume da coleção (leia aqui nossa resenha do primeiro volume.
O conto original
A máscara de prata, sem dúvida alguma, é um conto pesado, que nos apresenta muitas nuances psicológicas. Escrito em 1933, nele, uma mulher adulta e independente vê sua vida ser invadida um por jovem homem.
Aos poucos, ela vai sendo descaracterizada e desconstruída, enquanto a estranha máscara se mantém pendurada com sua face se alterando mais e mais. Aqui o terror é sutil e deixa o leitor pensativo com o final da pobre protagonista.
As várias facetas da máscara
Dezesseis contos compõe essa obra. Alguns seguiram a linha da história original, embora muitos optaram por uma abordagem nova e única. Por isso, faço abaixo um breve relato daqueles que certamente me impressionaram.
Cinzas, de Úrsula Antunes
A escritora sempre nos presenteia com uma prosa boa de ler. Neste conto ela vai além, dando fim ao conto aberto de Hugh Walpole, que certamente está contente em saber que sua história termina em tão boas mãos. Arrisco dizer que é um dos melhores da obra.
Observatório de pássaros, de Fernanda Braite
A autora trabalha com a internação compulsória de uma jovem por interesse escuso de um parente. Uma história que apesar de já termos ouvido muitas vezes antes, é sempre sinistra ao nos defrontarmos mais uma vez. Bom conto.
Mutante, de Vítor de Lerbo
Quem imaginava que o Carnaval poderia fazer paralelo ao conto de Hugh Walpole? Pois o autor se desafiou e trouxe para as festas de fevereiro a essência do conto original. Muito bom.
Máscara do esquecimento, de Carlos H. F. Gomes
O autor faz uma releitura do original, trazendo um velho solitário como protagonista. Ele acaba tendo a vida invadida e roubada pela jovem Catarina. Gostei da inversão e do resultado.
Choram os palhaços de luto?, de Juliana Rabelo
A autora cria um texto que leva o leitor pelos recantos escuros da solidão, aproveitando o simbolismo da máscara com muita maestria. Excelente conto!
Eu, Cassiana, de D. Celestino
Neste conto, temos uma experiência incrível de desaparecimento. O mais assustador é como tudo ocorre, pouco a pouco, enquanto nos desesperamos juntos.
Considerações finais
Em suma, a escolha do conto A Máscara de Prata, de Hugh Walpole, foi além de assertiva, um desafio por si só. Não é um conto fácil de se trabalhar, mas que gerou textos bem interessantes.
Ao final temos o posfácio Lar, Estranho Lar, de Oscar Nestarez, que joga luz no enredo de Walpole. Ele faz uma comparação entre o conto e a história Casa Tomada, de Julio Cortázar. Um texto delicioso de ler e de enorme ajuda para o leitor perceber mais desdobramentos da máscara.
Um livro que vale ser lido pelo desafio que encerra. Conhecia esta obra? Me conte aí…
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