Narrativas do Medo – Volume 1

Um relançamento à altura 

A AVEC Editora relança a coletânea Narrativas do Medo, organizada por Vitor Abdala, numa edição caprichada com capa e ilustrações internas de Marcel Bartholo. 

Este é o primeiro volume de três já lançados, com promessa de outros a caminho. Certamente uma oportunidade interessante de conhecer vários nomes do horror nacional. A série original tinha um volume a menos e nesta foi dividida em três livros.

Os contos

A obra é composta de dezoito histórias para lá de estranhas e bizarras. Você encontrará de tudo um pouco e por isso vale a leitura para saber quais contos mais lhe agradaram. Dos que li, os que me impressionaram estão abaixo abaixo. 

Tocada pelo inimigo, de Rô Mierling

O conto que inicia o livro, coloca o leitor de cara para o insólito, inegavelmente da melhor maneira possível. Apresentando uma narrativa que nos leva pela história de Ana, entendemos com perplexidade quem é aquela jovem quieta e estranha. Muito boa a construção cronológica do conto, com um excelente desfecho. 

Yaoguai, de Geraldo de Fraga

O Recife é um dos locais que mais geram relatos estranhos e sobrenaturais do Brasil e nesta história certamente temos um vislumbre disso. Dois policiais corruptos buscam sua grana de um velho chinês que sumiu. Seria mais um trabalho simples se não chovesse tanto e se não aparecesse algo tão sinistro em seu caminho. 

A lenda do Raimundinho, de Daniel Pires 

Temos aqui aquele “causo” bom, que é passado de boca em boca, gerando assim uma boa lenda. Um espírito de um jovem menino que morreu de maneira trágica leva um homem a duvidar da própria sanidade. Muito bom mesmo. 

O Velho Doria, de Marcus Barcelos

Mais uma lenda urbana para nos atormentar os pensamentos. Entretanto, nesta história, basta que uma simples frase seja repetida três vezes à meia noite que você já pode imaginar que coisa boa não é. Agora quero saber se você tem coragem de dizer a tal frase? 

Penitência, de Rodrigo Ramos 

A culpa de um velho padre começa a lhe pesar muito e mesmo que expie seus pecados, seu destino já está traçado. Só nos resta descobrir o que realmente lhe aguarda. Em suma, aquele conto que te arrepia mesmo imaginando o pior

Soturno, de Marcos DeBrito 

Um poema sinistro leva o leitor pelo desalento de um pai que sofre com a perda de seu filho Edgar. Um final ainda mais bizarro, de arrepiar.  Certamente é muito legal ver poesia e horror juntos.

Pesadelo em Sachsenhausen, de Paul Richard Ugo 

Um homem relata os acontecimentos que vivenciou no campo de concentração de Sachsenhausen pelo abominável Theodor Eicke. O problema é que ele não viveu na época da guerra e sim seu tio-avô. Sonho? Delírio? Assustador é pensar na falta de limite dos seres humanos que constroem um lugar como aquele. Excelente conto. 

Às moscas dormem de madrugada, de Flavio Karras

Um conto irreverente que nos coloca ao lado da Morte em sua tarefa ceifadora. Mas aqui a entidade é mais um funcionário fazendo o seu trabalho ou pelo menos tentando cumprir da melhor maneira suas tarefas. Excelente história. 

Sobreviventes, de Melvin Menoviks

Um mundo apocalíptico, onde um pai e seu filho precisam fugir e lutar pela vida. A fome é uma constante e até mesmo o canibalismo está na pauta. O melhor conto do livro para mim. Arrepiante é pouco!

Considerações finais 

Em resumo, uma coletânea sempre é um desafio e muitas vezes uma montanha russa onde em alguns pontos você respira, enquanto em outros luta para não morrer sem ar. Faça sua leitura e sinta como cada conto mexe com você.

Aqui temos uma gama enorme de artistas que com certeza trará ao leitor inúmeras experiências. Aproveite ao máximo cada uma e depois venha aqui me dizer quais histórias você mais gostou. Parabéns à AVEC Editora pelo lançamento.

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