Sou fã das aventuras de Sherlock Holmes, narradas por seu amigo e parceiro Dr. Watson. Sejam seus contos, que venho lendo a alguns anos, sejam seus filmes e séries, tudo que utiliza esse personagem sempre me atrai. Obviamente o binômio Holmes-Mito de Cthulhu sempre vai me chamar atenção pela minha paixão por ambos os temas!
O livro A Sabedoria dos Mortos – Os arquivos perdidos de Sherlock Holmes Volume 1, escrito por Rodolfo Martínez e publicado pela AVEC Editora, entrou no meu radar de leitura, porém tendo vivido uma frustração anterior, segui bastante cético, digamos até Holmes demais.
Esse ceticismo se deu pois há algum tempo li o livro Sherlock Holmes and the Cult of Cthulhu, de James G. Boswell, onde pela primeira vez encontrava uma ligação entre o personagem que tanto gosto, com o Mito de Cthulhu. Achei que seria interessante, mas acabou sendo apenas uma argumentação sobre o ceticismo de Holmes. Poderia ter ido além. Mas não foi.
Para minha completa surpresa A Sabedoria dos Mortos – Os arquivos perdidos de Sherlock Holmes Volume 1 consegue muitas façanhas que me cativaram. Vou elencar todas, mas adianto aos leitores mais Caxias, que gostam de seguir cânones: essa obra toma certas liberdades, todas ao meu ver interessantes, mas entendo não que não consigam agradar a todos.
Dito isso, como fã do personagem e de seu mundo, como primeiro ponto que eu devo elencar dessa obra é a qualidade do texto. Ele é muito bem escrito, mantendo o leitor atento o tempo todo. Isso é muito cativante.
Como segundo elogio o estilo de Martínez imitou com excelência o estilo de Conan Doyle, o que é excelente para quem já leu algo do personagem assim como para os que nunca tiveram o prazer de se aventurar pelos casos de Holmes.
As liberdades que o autor tomou na história foram muito bem executadas, fazendo uma costura exata, capaz de criar pequenos pontos de ligação entre dois universos distintos, como são as histórias narradas por Watson do mito lovecraftiano. Exatamente nesse quesito que A Sabedoria dos Mortos – Os arquivos perdidos de Sherlock Holmes Volume 1 mostra ao leitor ao que se pretende. Aos leitores novatos de ambos os universos, cabe entender que por mais que aconteçam em períodos de tempo semelhantes, são histórias bastante distintas. O talento de Martínez se mostra grandioso por conseguir derrubar esse muro entre esses mundos deixando o leitor entender que são aqui, nesse livro, uma coisa só.
Vejo apenas necessário explicar que essa não é uma tarefa fácil. Sherlock Holmes é um cético, senão o maior deles em sua época. Quando falamos de Mitos de Cthulhu, estamos andando em uma seara onde as leis da realidade são tensionadas e quebradas, onde existe misticismo, crenças e valores completamente distintos da ótica do grande detetive inglês. O amálgama, se não for bem feito, ganha arestas espinhosas que podem acabar soando forçadas.
Essa é a grande qualidade desse livro. Nada soou forçado. Holmes é o que é e segue fiel na tentativa de solucionar mais um caso. Aos leitores que, como eu, adoram ambos os cenários, encontram aqui uma obra bem planejada que te faz chegar ao final se perguntando quando virá o segundo volume.
Vejo que o autor conseguiu assim homenagear tanto Conan Doyle quanto H. P. Lovecraft de uma forma perfeita. Aos mais sonhadores, surgem indagações se não pretendem fazer uma séries de aventuras nessa nova Londres Vitoriana e Lovecraftiana que surge, seja de RPG, quadrinhos ou mesmo televisão. É muito bom ler um livro bem feito.
Outro ponto forte é a edição da AVEC Editora. As páginas pretas internas e todos os arabescos criam um clima envolvente. A capa, por mais simples que seja, evoca essa Londres que citei acima, com um tentáculo nos lembrando que nesse livro você encontra coisas estranhas.
A tradução do livro fica ao talento de Emanuele Coimbra e Enéias Tavares.
Que os volumes não sejam poucos, pois é sem dúvida alguma uma série que promete demais. Mas isso Holmes comentaria ser apenas elementar – e ele não poderia estar mais certo.
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Boa noite.
Sua resenha despertou meu interesse, também sou fã desse universo Conan Doyle/Lovecraft.
Percebi uma certa tendência atual por parte das editoras de usar as telas de John Atkinson Grimshaw nos livros relacionados a Sherlock Holmes, suas paisagens urbanas de Londres, Liverpool, Glasgow são fascinantes e incluí-las no universo “Sherlockiano” é uma sacada genial.
Moisés, obrigado e sinto-me lisonjeado com suas palavras. Espero que continue acompanhando nosso trabalho pois é feito com muito carinho. O blog afinal é de vocês leitores. Curta e comente o que achar necessário. Um grande abraço.